O Brasil passa por uma fase de desabastecimento de remédios em diversas regiões. A falta de medicamentos tem afetado não só farmácias, mas hospitais e unidades públicas de saúde na maioria das cidades do País. O desabastecimento se dá pela ausência de matéria-prima para compor as substâncias e, também, a escassez de insumos para embalagem.
O atual cenário se torna preocupação do Conselho Municipal de Secretários de Saúde de São Paulo (Cosems/SP), que listou mais de 40 substâncias escassas nas prateleiras. A maioria é de medicamentos considerados simples, mas de suma importância para o funcionamento do serviço público, como dipirona, cetoprofeno e até soro fisiológico.
No Paraná, segundo a Secretária Estadual de Saúde e Conselho Regional de Farmácia do Estado do Paraná (CRF-PR), os medicamentos em falta são:
- Soro fisiológico
- Amicacina
- Alegra
- Ambroxol – Xarope infantil
- Acetilcisteína 200 mg
- Bromexina infantil
- Carbocisteína adulto e infantil
- Vibral xarope adulto e infantil
- Nimesulida comprimidos
- Dipironas
- Doralgina
- Bisolvon adulto e infantil
- Belfaren
- Sorinan
- Mutigrip
- Stilgrip
- Vick – Xarope pediátrico
- Nottus
- Dropropizina
- Seki
- Percof
- Trimebutina 200 mg
- Novalgina – Xarope
- Tylenol bebê
- Paracetamol bebê
- Predinisolonas
- Mesalazina 250 mg
- Nebacetin
- Primia Gummies Vitamina C
- Primia Gummies
- Ciprofloxacino 500 mg
- Sinot 400 mg
- Bactrim 100 ml infantil
- Maxiflox
- Astro (todos)
- Amoxicilina 250 mg
- Clavulanato + Amoxicilina
- Neostigmina
- Timoglobulina
- Imunoglobulina
- Anfotericina B Complexo Lipídico
- Tramadol
Entre os motivos da escassez de remédios estão a guerra na Ucrânia e o lockdown na China, que têm prejudicado a importação de insumos farmacêuticos ativos (IFAs). O aumento do dólar, do combustível e da energia, que elevaram o preço da matéria-prima, também impactam no fornecimento desses remédios.
“É importante salientar que nas últimas três décadas, não somente o Brasil como também países desenvolvidos transferiram suas produções de insumos para países asiáticos, de modo a reduzirem seus custos. Isso fez com que China e Índia investissem massivamente em tecnologia, o que as tornou hegemonias e potências mundiais na produção de insumos farmacêuticos.” – explica Norberto Prestes, presidente da ABIQUIFI – Associação Brasileira da Indústria de Produtos Farmacêuticos.
“Somos uma das dez maiores indústrias farmacêuticas do mundo e, mesmo assim, totalmente dependentes das importações dos insumos. Claro que não deixaremos de importar, todos os países o fazem devido ao baixíssimo custo, o que não podemos aceitar mais é sermos um país sem capacidade tecnológica para reagir a um problema como esse e não entrar em colapso. É preciso estruturar a cadeia de produtores de insumos em parceria com a indústria farmacêutica, determinando a escolha.”, afirma o executivo.